Em muitas das sessões que proporciono e em conversas com pessoas que me cruzo, tenho testemunhado a exaustão que sentem decorrente do estilo de vida, que de uma forma automática se lhes impõem sem observar para além, outros caminhos....
Estes dias tive conversas que me levaram a ir dentro e fazer perguntas sobre a tendência natural do Homem e da Mulher de mergulhar mais fundo e ir mais longe.
Esta tendência é a faísca que acende o fogo da transformação e que nos mantém em movimento para dentro, no sentido de irmos mais profundamente em nós mesmos e alcançar aquilo que sinto ser o nosso propósito…
…encontrar Deus em nós, no nosso coração, a presença EU SOU, o Santo Graal..
Isso é completamente diferente da sensação de inquietação, de querer sempre mais. A sociedade, o sistema que alimentamos também ela nos está a alimentar na direção de querer mais e mais, de estar sempre inquietos, desconectados, infelizes, descontentes, buscando no exterior...
Os insights que tive hoje mostraram-me que as muitas sementes que despoletam esta forma de viver corrida, de busca que não termina, de uma sensação de que algo falta e de que é preciso ir atrás de algo mais, são semeadas e enraizadas no inconsciente nos primeiros anos de vida.

E muito tem a ver com o percurso escolar que cada vez se inicia mais cedo. Somos treinados ao longo de doze anos de escola para nos preocuparmos com o próximo passo nas nossas vidas. Este é um sistema de ensino, cujo modelo surgiu na revolução industrial servindo a produção maximizada a cada instante, em série e de partes iguais. E serviu vivamente a época em que foi criada, mas desapropriado para a atualidade que pede o retomar ao coração, ao centro, à expressão do potencial da alma que precisa de espaço para se revelar e expressar criativamente no mundo. Para isso é preciso que o caminho seja, livre ao máximo de obstáculos que podem ser introduzidos a partir dos e sistemas de crenças dos adultos.
Enquanto bebês precisamos de uma forma simples e natural de comer, dormir e do colinho da mãe.
Então os adultos ficam preocupados com o excesso de amamentação, com o excesso de colo, de mimo e de cuidado, com o dormir demais e não comer.
Inicia-se assim tão cedo o corte com a abundância, e a crença que a vida é escassa….
A Vida é naturalmente abundante,
A Mãe Terra é esplendidamente abundante,
Mas, enquanto crianças em idade pré-escolar queremos brincar o tempo todo.
Então os adultos ficam preocupados com a primeira classe e começam a preparar-nos para que soframos menos no futuro. Passamos a brincar menos e obstruímos o desenvolvimento motor, da curiosidade e resiliência.

Ainda enquanto crianças, já na primária ansiamos por continuar a brincar.
Então os adultos ficam preocupados com o exame da quarta classe e começam mais uma vez a preparar-nos.
Nessa idade a nossa criatividade estava no auge, mas não havia tempo nem oportunidades para além de pintar desenhos feitos por alguém e seguir ensinamentos. As profissões nesta altura são-nos apresentadas de forma estática e rígida em termos conceptuais, deixando de lado possibilidades únicas, enriquecedoras do futuro, por não serem fontes de entendimento e alimento.
Aos dez anos, começamos a pensar que, talvez ao seguir de forma natural a nossa curiosidade e expressar a nossa criatividade não nos permite viver neste mundo…
..…começamos a não acreditar em nós mesmos e a perder-nos do nosso EU.
Os conceitos de escassez começam a enraizar-se....
.... "como assim? Eu faço o que me faz feliz e posso passar fome?"
E então iniciamos mais uma fase de estudo com o quinto ano.
Então os adultos estão preocupados com o nono ano e o ingresso ao secundário daí a cinco anos e começam a prepara-nos.
Aos quatorze anos, estamos preocupados se a escolha da área que fizemos foi acertada pois definirá permanentemente a nossa vida.
Aos dezasseis estamos preocupados com o ingresso à universidade,
Aos vinte e dois com o início da carreira profissional….

Consegues encontrar a tua criança interior depois de tudo isso?
Só de o escrever sinto-me realmente exausta...
Onde há espaço para o agora?
Sem espaço para o mesmo na infância consegues entender como este problema se enraíza em adulto, e cada vez em idades mais novas?
Questiona-te acerca de tudo isto, acerca da origem dessa inquietação, do não aguentares mais….
Vai para dentro...
Sente...
Ainda estás a exigir isso da tua criança interior?
Também queres isso para os teus filhos?
A TV e os meios de comunicação continuam a alimentar isso, mantendo a nossa atenção no exterior e nos bens materiais.
Para além disso, os sistemas são construídos de uma forma que nos afastam da conexão com a natureza, com a Mãe.
Ironicamente a própria natureza pode curar e restaurar a conexão com o teu VERDADEIRO EU. Sabias isso?
A Vida é naturalmente abundante,
A Mãe Terra é esplendidamente abundante, basta observar.
Para restaurar a abundância de volta às nossas vidas precisamos restaurar a conexão connosco, com o Agora, com a Natureza.
A Mãe Terra é preciosa ao longo deste processo.
Nós viemos de Mãe e Pai,
Conecta-te com Ela.
O Céu, o Pai é alcançável quando te permites voltar ao colo da Mãe e confiar na tua origem, na voz da tua Alma, na abundância que ÉS.

Pára alguns minutos e aproxima-te da Mãe,
Tira os sapatos, fecha os olhos,
Coloca as mãos no coração;
Faz algumas respirações profundas,
Abraça-te
Dá um suspiro de alívio….
Restaura-te de volta a ti,
Tens tudo em ti...
o Divino está em ti,..
E isso é o maior tesouro.
Honra-o através do teu poder criativo.
A tua criança interior está à espera com uma sorriso que transborda pelo olhar,,
Permite que ela viva.
e à dos teus filhos,
e a daqueles ao teu redor….
É hora de transformar. Pela criança em ti e todas as crianças do mundo. pelo agora.
Com gratidão
Ana Rita Serralheiro